segunda-feira, 19 de maio de 2014

Não sei o que hei-de dizer-te. Nada do que posso vir a dizer-te neste momento nunca antes te foi dito. Por mim. Sempre por mim, e para ti. Desde que me lembro de escrever que te escrevo. No fundo, tu és a minha maior inspiração. Aliás, na verdade, tu és a minha maior tudo. És a minha maior fraqueza, e a minha maior força. É em ti que encontro tudo o que procuro, e o que mais abomino. Sou confusa, sabes? Claro que sim. Não em relação a tudo. Mas em relação a ti? Esquece. Sou um autêntico bichinho de sete cabeças. Nem eu me percebo no que diz respeito a nós. É quase como se.. Como é que se diz? Que é quase como se quisesse disparar sobre ti e, ao mesmo tempo, pôr-me à frente da bala? É isso mesmo. Por um lado, matava-te. E, por outro, morria por ti. E por nós. Pelo que sentimos um pelo outro, e havemos de sentir sempre. É mútuo, não é? Cada vez acho mais que sim. Aliás, cada vez espero mais que sim. Continuo a ser capaz de pôr as mãos no fogo pelo que significas para mim. Ponho em causa este mundo e o outro por nós, e ainda hoje sou capaz de abdicar de quem mais perto de mim tenho por ti. Agora pensa..

sábado, 1 de fevereiro de 2014

Vamos ser felizes. Olhar um no outro e sentir que daqui a cinquenta anos ainda estamos juntos. Vamos andar de mão dada um com o outro na rua, depositar tudo aquilo que fomos e somos, e esperar que a vida seja simpática ao ponto de não nos levar para longe um do outro.  É só isso que precisamos para ser felizes, dois sorrisos na cara, uma mão cheia de promessas, as outras duas juntas, e estarmos perto. Perto, deitados na mesma cama, a viver na mesma casa, a partilhar a mesma escova de dentes, e a viver os sonhos um do outro. Por instantes faz de conta que nunca nos magoaram, que nunca nos magoamos, que nunca nos mentiram nem nunca nos deixaram para trás. Vamos esquecer o que aconteceu antes de nos conhecermos, as pessoas a quem dissemos “amo-te”, e as que nos falharam. Esquece a imagem de veres quem gostaste com outra pessoa, que eu esqueço as imagens que me assombram, com o medo de um dia te rever nelas. Vamos fingir que as pessoas não mentem, e mesmo que mintam, que somos a excepção. Que na realidade, preferimos magoar com a verdade do que iludir com a mentira, e que vamos ser sempre assim. Quando tivermos filhos, e mesmo quando os nossos filhos forem pais, vamo-nos lembrar daquilo que vivemos antes de sermos nós. Tu sabes, o nosso primeiro beijo e a nossa primeira desilusão, vamos contar tudo um ao outro, porque somos melhores amigos. Eu não me chateio contigo quando me contares as vezes que foste cabrão para alguma mulher, e tu não me apontas o dedo quando te confessar as vezes que falhei a pessoas de quem gostei. Aceitamos que faz parte de nós, e que tudo nos levou a nos encontrarmos. Vamos pensar nas mil e uma formas que vamos decorar a casa que um dia vai ser nossa, que vamos ser a tal excepção em casais jovens que ficam juntos, têm o emprego que querem e vivem da maneira que sonharam. Vamos encher a entrada de fotografias a sépia, a sala de memórias, e o quarto, que mais ninguém lá entre sem sermos nós. Vamos gostar um do outro incondicionalmente, nos meus dias piores e nos teus melhores, vamos prometer que todas as manhãs ao olharmos um para o outro, seja o dia em que compreendemos que nem tudo foi como sonhámos, ou no dia em que percebemos que nada é para sempre, tomámos a melhor decisão das nossas vidas ao ficar juntos. Vamos ficar juntos. Que nos deixarmos nunca seja uma opção. Que me ames nos meus dias de estrela, e nos meus dias de arrasada.
Que eu te ame, nas conversas infinitas em que tentas mostrar a tua razão, e nos teus dias melhores em que me sorris de manhã à noite. Que desejes que os nossos filhos sejam iguais a mim, tanto como os quero com a tua cara. Que sejamos sempre o orgulho um do outro. Que o tempo nos leve, mas que o amor fique sempre, de alguma forma, em algum lugar, em alguma fotografia, em alguma memória ou em alguma conversa. Se o amor é complicado, raramente dá certo e está destinado a acabar connosco todos, então que sejamos os últimos no barco a remar contra a maré. Que possa escrever um livro daqui a vinte anos, a contar todos os dias em que te amei. Que te ame, que me ames, que a vida te deixe ficar sem grandes problemas, ao pé de mim.