A única coisa de que preciso é de alguém que me diga que não faz mal perder o equilíbrio de vez em quando, que não sou obrigada a sorrir quando estou a morrer por dentro. Preciso de alguém que, quando o mundo estiver prestes a cair-me em cima, me chame e diga que posso lá ficar, que vai cuidar de mim como ainda nunca ninguém cuidou. De alguém que esteja para mim como eu estou constantemente para toda a gente. É pedir demais? Dêm-me alguém que tenha sido feito à minha medida, alguém que seja capaz de se adaptar a mim e que não esteja constantemente a tentar encontrar os meus defeitos. Dêm-me alguém que encontre qualidades em mim que nem eu sei que existem. É disso que preciso. É disso que toda a gente precisa. Todos nós merecemos ter alguém que nos dê os bons-dias, que nos diga quão bonitos somos, tanto por dentro como por fora, que se aperceba de quando estamos menos bem sem que seja preciso dizer o que quer que seja, e que nos lembre constantemente de que não estamos sozinhos. E eu há tanto tempo que não tenho ninguém assim por perto. Tenho saudades de quando recebia um beijo na testa, e não no pescoço. De quando ouvia um amo-te, e não um quero-te. Tenho saudades de coisas que nunca pensei que algum dia me fossem fazer falta e que, para ser sincera, na altura não valorizei. Mas tudo bem. Quem hoje em dia diz que sou demasiado complicada, mais cedo ou mais tarde, há-de dar lugar a quem diga que nunca vai desistir de mim. Ou não?