Hoje eu quero escrever. Eu escrevo, e tu não irás ler. Não mais. Mas hoje… tu deverias. Porque hoje, é hoje. Hoje éramos nós. Hoje qualquer palavra sussurrada por ti se tornaria perfeita, mas eu jamais irei ouvir alguma. Tu não me falas, tu não me sussurras, tu não me gritas: tu já não estás. Mas nós não terminamos. Nós apenas deixamos ir. E eu fui, voltando. E tu foste, seguindo em frente. Eu fiquei, ficando. E tu embora foste. Este dia poderia até ser apenas um dia, mas não. Este dia é tudo o que eu vivi contigo. É todo o (meu) passado que não irá voltar mais — nem para me dizer “Adeus. Eu vou partir”. Hoje qualquer palavra iria alimentar a minha saudade, a minha marca, a minha falta, o meu amor; sem deixar esperança alguma. Hoje tu poderias chamar-me, mas não chamarás. Hoje eu gostava de te ver. De perto ou longe, não importa. Eu só gostava, mas será impossível. Não consegui sequer sair de casa; faltou-me coragem. Os meus olhos estão inchados – chorei até adormecer. Meia-noite e as lágrimas caíram, caíram, caíram. Hoje éramos nós. Tu sabes e eu sei. Mas ambos sabemos que as portas das nossas vidas juntos, se fecharam. Tu fechaste-as. Tu atiraste o nosso amor ao mar, mas, quem sabem, lá ele seja infinito, assim como no meu coração. Hoje as tuas fotografias estão espalhadas pelo meu quarto, e eu sinto necessidade do teu colo, do teu abrigo, do teu carinho, da tua proteção, do teu falso amor. Hoje eu preciso da tua presença. Hoje a minha vontade é chorar. Chorar sempre. Chorar para sempre. Chorar mais, mais, mais. Mas hoje, as minhas lágrimas secaram-se. Hoje o coração aperta, pois as lágrimas não caem. Mas aperta com mais força do que costumava apertar. Hoje tu teimas estar ausente de mim. E hoje, aquela música “Só hoje” descreveria tudo o que sinto. Preciso de ti, todos os dias, como sabes. Mas hoje, tu sabes, também, que é um dia, diria, especial — para mim. Hoje eu deveria estar presente em ti, como tu estás em mim. Hoje eu sinto a tua falta, mas, hoje, é uma falta diferente. Hoje, repito, éramos nós. Hoje costumava ser o nosso dia. Hoje, precisamente hoje, tu devias estar aqui. Mas, enfim, tu não estás.
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