É tão monótono… No momento da partida, faz-se drama. Tu gritas com ele até não conseguires mais. Apagas tudo o que tem o seu nome. Escondes tudo que lhe pertence; atiras para o chão; pisas; não queres saber. Sentes vontade de rasgar cada fotografia; e talvez com a raiva do momento, acabes por rasgar. Nos primeiros minutos, sentes tudo o que ainda não te dói. Depois de umas horas, começas a sentir arrependimento da foto rasgada, do documento apagado, das palavras ditas e das não ditas. Sentes-te culpada (e às vezes sem razão). Mas depois, pensas “ele não me merece” e sorris. E dormes. E divertes-te. E vais esquecendo. E no primeiro dia tudo é fácil — ou quase fácil. No primeiro dia, tu ainda consegues sorrir com vontade. No primeiro dia, os textos escritos são de quem não se importa mais. São escritas ilusões. E depois? E quando a dor acentua no coração, de novo e para ficar? E quando ela picar bem lá no meio? Ah, meu amor, quando isso acontecer, os textos deixarão de ser “Ah, e tal, está tudo colorido, embora eu não esteja mais com ele”, e passarão ser: “Por que ele se foi? Por que ele não volta?”. Deixamos de escrever sobre deixarmos alguém, e passamos a escrever sobre nos abandonarem a nós. Tu deixas de querer que ele desapareça e passas a querer desaparecer. E aí fica tudo mais difícil. E aí tu vais te sentir como se nada mais importasse no mundo, senão ele — o teu “príncipe” que te abandonou. Tu vais voltar a procurar as roupas que um dia trouxeste contigo. Tu vais agarrar na blusa, que ainda tem o cheiro dele, e chorar, chorar, chorar. E depois pensas que ele sempre voltou e que então irá voltar de novo. Mas, por fim, refletes que “o sempre, sempre acaba” e que ele poderá não voltar mais, e então choras de novo. E de novo. E de novo. E de novo. Sei bem…
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