domingo, 4 de novembro de 2012


Até hoje, ainda só tinha chorado uma vez como chorei esta noite. Foi no dia em que me apercebi de que estava na altura de desistir da pessoa de quem mais gostei em toda a minha vida. Chorei como se o mundo estivesse prestes a acabar. Aliás, pensei que o mundo estivesse mesmo prestes a cair em cima de mim. Foi assim que vi as coisas na altura. Como se não houvesse alternativa possível a todas aquelas lágrimas, e a todo aquele sofrimento.. Só eu sei as horas que passei sozinha naquele dia, com o telemóvel desligado, e com um caderno e uma caneta à minha frente na esperança de que me lembrasse de algo para escrever. Sempre foi o que mais me acalmou, sabes? Escrever faz-me bem por si só. Posso até nem escrever nada de muito sentimental.. No final hei-de sempre sentir-me um bocadinho melhor do que me sentia no início. Nem isso me serviu do que quer que fosse, nem isso fui capaz de fazer.. Mas olha, sabes o que fiz na altura? Depois de me acalmar? Eliminei o número dele. Claro que o sabia de cor e de nada me iria servir eliminá-lo, mas foi algo que senti necessidade de fazer. Na minha cabeça, se o eliminasse dos meus contactos do telemóvel iria conseguir eliminá-lo mais facilmente do meu coração. Enganei-me. Ainda hoje ele é quem é para mim. Ainda hoje sei que se amanhã me derem somente um dia de vida vai ser nele que vou pensar todo o dia e talvez, até quem sabe, ligar. Mas olha, isso foi o que fiz na altura.. Sabes o que fiz no dia a seguir? Nada, absolutamente nada.. Agi como se estivesse tudo bem. No dia a seguir, e nos dias depois desse também.. E passados uns meses acabou mesmo por ficar tudo bem. Acabei por me habituar a não tê-lo por perto, a não tentar tratá-lo bem quando o que ele queria era ser ignorado.. Acabei por lhe dar a merda do espaço e da liberdade por que ele sempre havia implorado. E foi assim que acabámos por ir cada um para o seu lado. Foi assim, comigo a baixar os braços a cerca de um ano, que se perdeu algo, que para algumas pessoas fazia todo o sentido. Foi assim que me apercebi de que o para sempre não existe, e que aquilo de que precisava já não estava com ele. Pensei que estivesse algures por aí. E foi exatamente à procura disso que fui. Aventurei-me sem qualquer tipo de medo, e conheci outras pessoas. Muitas, por sinal.. Bati mil e uma vezes com a cabeça na parede, e ainda hoje me arrependo de muitos dos erros que cometi na altura. Conheci pessoas tão desnecessárias e inúteis que ainda hoje não sei o que vi nelas, e o porquê de algum dia lhes ter dado conversa. Bati com a cabeça na parede até ao momento em que conheci uma das poucas pessoas que me orgulho de ter conhecido em toda a minha vida, e que sei que me mudou.. A mim, e à minha maneira de ver o mundo.. Essa pessoa és tu. E o mais engraçado no meio disto tudo é lembrar-me de que soube desde logo que serias tu durante muito tempo. Neste momento, digo-te com toda a certeza que fazes parte de mim. Estás em tudo o que digo, e faço.. E é tão triste saber que tu não podes dizer o mesmo em relação a mim, que nada disto é mútuo.. E que talvez nunca tenha sido, ou venha tão pouco a ser.. Sei lá. Faz-me querer chorar. Aliás, não é querer. É precisar. Estou aqui à tanto tempo, e para quê? De que me serviu toda esta espera? Todo este tempo que passei mesmo aqui, ao teu lado? Pus tantas pessoas de parte por tua causa e uma delas na altura tão importante.. Mas agora pergunta-me. Pergunta-me onde é que elas estão. Digo-te desde já que estão mesmo aqui, ao meu lado e à espera de que falhes, que me magoes (ainda mais) e me deixes no fundo do poço. Estão à espera de que me abandones para me facultarem os seus ombros para chorar. Se já aceitei algum? Não, claro que não.. E quantas oportunidades já não tive.. Quantas já não foram as vezes em que ouvi não chores por quem não te merece, não fiques assim por quem não gosta de ti e tudo mais. No entanto, ainda aqui estou. Mesmo sabendo que no dia em que desistir de ti vou ter em quem me apoiar e que muito provavelmente vou deixar de me sentir tão sozinha, ainda aqui estou. Talvez não durante muito tempo. Mas a verdade é que duremos até quando durarmos, já aqui estou à mais de um ano. Eu não sou fácil, e sei disso melhor do que ninguém. Mas fodasse, será que não valho mesmo a pena? Será que não valho o risco que precisarias de correr para estares comigo? Para estares comigo como sempre deverias ter estado? Se pensas que não, então tudo bem.. Quem sou eu para dizer o contrário? Mas se pensas que sim, porque não? Porque não arriscas? Não percebo.. Tens-me nas mãos. Podes fazer comigo aquilo que quiseres e bem te apetecer, e esta é a verdade. Por muito que me custe admitir, à já algum tempo que sou uma boneca nas tuas mãos. E das de porcelana.. Deixas-me cair, e eu parto-me. Apanhas os cacos, junta-los um por um e eu volto a erguer-me. No entanto, não volto a ser a mesma. Quando voltas a deixar-me cair, os cacos são ainda mais e torna-se ainda mais complicado juntá-los a todos. No entanto, tu lá consegues.. E isto acaba por se tornar num ciclo vicioso. Tu deixas-me cair, fazes-me chorar.. No entanto, eu acabo sempre por voltar para ti. Quando estou no chão, mentalizo-me de que as coisas não podem continuar assim. Mas depois, quando vou ter contigo e me apercebo (uma vez mais) de que és perfeito para mim, volto a erguer-me e a ficar contigo. Volto a pôr-me nas tuas mãos com esperança de que as coisas dessa vez sejam diferentes. Com esperança de que da próxima vez possamos ser vistos em público, e tudo mais. Nunca te pedi nada de outro mundo. Queria somente poder desejar-te um bom dia todos os dias, e uma boa noite todas as noites; estar contigo mais que uma vez por semana.. É demais? Sou eu quem está a pedir demais, e a abusar da tua confiança? Juro que não sei.. Chorei baba e ranho esta noite, e tudo por tua causa. E não, talvez tu até não tenhas feito nada de mal. Talvez tu até tenhas agido de acordo com aquilo que era suposto. Mas porquê tantas complicações? E para quando um “descomplicómetro”? Por favor.. Estou cansada disto. Ou sim, ou não. Agora neste meio termo é que nós não podemos continuar. Eu adoro-te, mas estive a tão pouco de eliminar o teu número. Se não o fiz foi somente porque me lembrei de que, ao contrário do dele, ainda não sei o teu de cor.. E depois? E quando quisesse falar contigo? Eu não te quero perder. Não como o perdi a ele. Tudo bem que são poucos aqueles que sabem do que se passa, e que ninguém dá nada por nós.. Não existe uma única pessoa que pense que temos tudo aquilo que é preciso para durar para sempre. Mas a verdade é que nós, que somos os únicos que importamos de verdade, sabemos que se quisermos podemos dar certo. Talvez porque ainda aqui estamos, porque mesmo depois dos mil e um erros cometidos (e perdoados) ainda não desistimos um do outro. Já perdi a conta à quantidade de vezes em que estivemos prestes a fazê-lo. Mas a verdade é que ainda nunca fomos capazes de ir até ao fim. Há sempre algo que nos leva de volta até ao ponto em que havíamos ficado, e de onde nunca deveríamos ter saído. E se tu soubesses o quanto me custa ver-te, imaginar-te com ela, com esta e com aquela.. Com todas, menos comigo. Tudo bem que não somos apenas amigos, mas.. É só que.. Esquece.

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