quinta-feira, 13 de junho de 2013

Nós gostamos de pensar que somos amados, que tudo aquilo que sentimos por um outro alguém nos é correspondido da mesma forma. Pensamos que, ainda que não o demonstrem, sentem e pensam o mesmo que nós, que só têm uma forma diferente de o dar a entender ou um medo de tal forma arrebatador da mágoa que se sentem na obrigação de o esconder como se disso dependesse a sua própria vida. Pensamo-lo porque é o que nos convém pensar. É preferível deixarmos alguém porque esse alguém não nos valoriza na esperança de que havemos de voltar ao ponto onde ficámos porque a pessoa em causa mais cedo ou mais tarde há-de abrir os olhos, dar finalmente a mão à palmatória e admitir que nos ama como é amada por nós. É preferível ter fé e dizer apenas um até já do que deixar alguém como que para sempre e sentirmo-nos na obrigação de pronunciar um adeus. E pronunciá-lo mesmo. Isso é o que mais dói. Mas dói na altura porque mais tarde, e com a ajuda do tempo, acaba por passar. Mas e quando vivemos numa mentira que nos impede de seguir em frente, e vamos sendo arrastados por esta durante meses e meses? E quando a desilusão se prolonga e intensifica ao mesmo tempo que nos tentamos mentalizar de que ele só está a demorar mais do que o suposto a voltar com a palavra atrás? E quando nos apercebemos de que as coisas afinal não são bem assim, e a realidade em nada tem a ver com aquilo que tanto tempo passámos a idealizar? E quando aqueles de quem mais gostamos pura e simplesmente não voltam porque não nos vêem como nós os vemos a eles? Dói, não é? Dói gostar de alguém que não gosta de nós, sentir falta de alguém que não tem sequer saudades nossas, e levar dias e dias a pensar quase 24/7 em alguém que o mais provável é que já não se lembre tão pouco da nossa existência. Mas acreditem, pior do que isso é iludirmo-nos, vermos coisas onde não existem, fazer cálculos de cabeça e deduzir que, ainda que tudo dê a entender o contrário, somos amados. Por vezes, só não o somos. Não há comos nem porquês. Por vezes, só não somos correspondidos porque não. E não vale a pena tentar perceber. Por muito espetaculares que sejamos, por vezes, só não somos o espetacular que a outra pessoa procura. Ou talvez até mesmo precisa. E há que compreender. Havemos de o ser para alguém.

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