Não sei por onde começar. Já perdi a conta à quantidade de
vezes que te escrevi, e procurei falar-te com o coração. Nem sempre consegui.
Quase nunca dependeu de mim. Talvez porque, pelo menos no que diz respeito a
ti, sou tão fraca quanto possível. Tens o dom de me enfraquecer. O dom ou o
poder. Mas tu adora-lo, admite. E eu também. Gosto de saber que adoro alguém ao
ponto de um só gosto muito de
ti que seja me fazer tremer,
sentir o coração na boca e mil e uma borboletas na barriga. Deixas-me perdida.
Longe ou perto, deixas-me sem saber o que fazer. Zangada e angustiada por já
não me mimares tanto quanto antes. De bem com a vida só porque sim. Ou talvez
porque sei que parte de ti há-de sempre pertencer-me da mesma forma que tu
hás-de ter sempre um bocadinho de mim. Foste o primeiro. O meu primeiro grande
amor. O primeiro rapaz que foi meu, e me tornou sua. O primeiro que não teve
medo do meu feitio complicado, e nunca se cansou de tentar compreender-me. O
primeiro que não desistiu face aos obstáculos, e se manteve do meu lado no matter what. O primeiro que
foi capaz de me fazer lutar por si, e correr atrás de algo que ninguém sabia se
algum dia viria a ter futuro. Lembraste de como tudo começou? De forma tão
ingénua e, ao mesmo tempo, tão pura. Já foi há tanto tempo que nem sei como
ainda hoje sinto o que sinto. Por ti e em relação a nós. Como é que tu ainda
hoje mexes comigo desta forma tão avassaladora? Tens noção de que a minha
vontade é agarrar em ti e levar-te comigo? Pedir-te por tudo que fizéssemos o
que sempre quisemos fazer? Fugir, ir embora, esquecer tudo e todos. Ficarmos
juntos. Mas o nosso dia ainda há-de chegar, sabes? Aliás, nós havemos de ter um
outro dia. Uma segunda oportunidade. Nós e aquilo que nos une, aquilo que
sempre nos uniu. É mais forte do que eu e do que tu. Consegue inclusive ser
ainda mais forte do que nós os dois juntos. É inexplicável, e só quem sente é
que sabe. Ainda hoje me conheces melhor do que ninguém. Só tu sabes lidar
comigo. Na verdade, tu sabes o que quero melhor do que eu. Sabes que por mim
era do teu lado que estava neste preciso momento. Tenho saudades tuas e, por
muitas vezes que o diga a ti ou a quem me pergunta como estás e o que é feito
de ti, nunca há-de ser suficiente. Nunca hás-de ser capaz de compreender a falta
que me fazes.
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