O MEDO! corre-me nas veias como se se tratasse de algo indispensável à minha sobrevivência. não sou capaz de me desprender dele. chega a sufocar-me, a fazer com que me sinta incapaz de gritar ao mundo aquilo que sinto. atormenta-me a cada segundo e não me deixa mostrar o que sou, o que tenho e que quero dar. e eu, eu limito-me a deixá-lo controlar-me sem nada fazer para o mudar. deixo que ele se apodere dos meus sentidos, que destrua os meus pensamentos e trespasse o meu coração, como se de uma faca se tratasse. deixo a vida continuar, deixo os dias correrem e permito ter um papel de apenas observadora daquilo que deveria estar a viver. ele impede-me de dizer aquilo que poderia mudar a minha vida, que me poderia trazer algo que necessito neste momento. mas não, deixo que tudo fique como está. não chego sequer a tentar mudar o rumo do meu mundo, com medo das consequências. e hoje pergunto-me se um dia serei capaz de dizer tudo aquilo que o meu coração sente, se serei capaz de te fazer perceber que és muito mais do que aquilo que afirmo dia após dia. terei alguma vez o poder de dizer as palavras que constantemente prendo no meu interior e que tanto anseiam ser proferidas? e nós, será que um dia teremos um final feliz, ou continuaremos sempre a fingir que nada do que se passa é verdadeiro, que nada sentimos? ficaremos para sempre presos ao medo de admitir-mos que o nosso coração bate mais forte quando estamos juntos e que os nossos olhos sorriem quando se encontram? enquanto não somos capazes de tal proeza, olho para o horizonte de cada vez que o meu coração te quer pedir mais, com medo de me negares aquilo que tanto anseio. espero, continuo forte, mesmo sem saber onde encontrar todas as forças de que preciso. e deixo o meu pensamento vaguear nas hipóteses de um dia também nós sermos o mundo um do outro. como era tudo tão mais fácil de pudéssemos escolher aqueles que amámos. e melhor ainda seria eu ter a capacidade de destruir este bichinho que me mata por dentro. O MEDO!