Desde á umas semanas que
tento escrever sobre ti. Tento porque não consigo. Já perdi a conta à
quantidade de vezes em que tentei fazê-lo, à quantidade de textos que comecei
e, pura e simplesmente, não consegui terminar. É quase como se me faltassem as
palavras, como se soubesse que não tenho o direito de te pedir que os leias. E
vai ser por isso mesmo que não vou pedir-te o que quer que seja. Que vou ficar
à espera de que aqui venhas ler por ti próprio, que te apercebas de que desde
que te vi com ela já escrevi sobre tudo e mais alguma coisa menos sobre ti. Por
muito magoado que te tenha deixado, quantas vezes é que te pedi que não o
fizesses? Que não estivesses com ninguém à minha frente, que evitasses isso ao
máximo? Tinha-te custado assim tanto? Tu sabes como é que eu sou. Sensível até
mais não, e chorona até dizer chega. Tu sabias que me ias deixar no estado em
que fiquei. Tu sabias que me ias deixar tão em baixo quanto possível. Bem no
fundo do poço. No entanto, fizeste-o. Fizeste tudo o que eu não queria que
fizesses. Quando te perguntei se estavas feliz, disseste que sim. Tudo bem. Não
te desejo mal algum. O que mais quero é que não pares de sorrir e, já agora,
que o faças pelos dois. E isto dito assim até parece fácil, não é? Quase tanto
quanto foi para ti fazeres-te de forte à minha frente naquela noite. Fazeres-te de forte, sim. Tu também
não estavas bem. Tu também não nos querias (e continuas a não querer) assim. Tu
também te lamentas por termos acabado cada um para o seu lado. Podes admiti-lo,
sabes? Farias de mim alguém um bocadinho (muito pequenino, diga-se de passagem)
mais feliz se me dissesses que isto não está a passar-te tão ao lado quanto
tudo isso. Se me procurasses, e dissesses que já tens saudades minhas. E das
minhas mensagens de boa noite, e das minhas cenas de ciúmes, e dos nossas
maneiras de ser nada parecidas, e das nossas opiniões sempre diferentes.
Naquela noite, quando te vi, parte de mim desejou não estar ali. Cheguei
inclusive a pensar em ir embora. Pensei que não ia aguentar estar no mesmo
sítio que tu sem poder tão pouco falar contigo. E só depois, quando me acalmei,
é que me apercebi que tenho que me habituar. Tu não eras tão pouco meu, e a
minha reação talvez até tenha sido um tanto ou nada exagerada. Talvez as coisas
tivessem corrido de outra maneira se não me tivesse limitado a virar-te as
costas.. (..) Não sei onde estava com a cabeça. Mas isto é quem eu sou. E tu
sabes.. Tu sabes que eu não sou uma pessoa fácil, que tenho um feitio (talvez
até demasiado) complicado. Que ajo consoante as circunstâncias, e que não meço
as consequências das minhas ações. Tu sabes que te adoro, não sabes? Tu sabes
que desde o início de Setembro que só tenho olhos para ti, e que estou disposta
a (voltar a) esperar até que te decidas a dar-nos outra oportunidade. E eu
sei.. Eu sei que talvez até não a mereça. Mas nós merecemos. Sim, nós. Ainda existe um nós, ou não? Quero acreditar que sim, e que tu
continuas a querer isto tanto quanto eu. Um dia ainda nos vamos rir de toda
esta situação. Não por ter piada, porque não tem. Mas por termos sido os dois
tão idiotas. Eu por ter pensado que podia tomar-te como garantido, e tu por
perceberes a maneira como me tratas-te. A forma como (não) me tens tratado tem
sido um exagero. Se os papéis fossem outros, se estivesse eu no teu lugar e tu
no meu, garanto-te que podia até ter de pensar duas ou três vezes no assunto..
Mas uma coisa é certa, não deixaria nada disto acabar assim. E se tu quisesses,
se tu me pedisses uma outra oportunidade, se tu me garantisses que iria acabar
por valer a pena, eu deixar-te-ia reaproximar de mim. A verdade é que se as
coisas algum dia tivessem sido como dizias que eram, não irias querer saber de
nada disto. Irias tentar pôr as coisas para trás das costas, e ter em conta os
9 meses que passei do teu lado. Os 9 meses que passei à tua espera, e em que a
única certeza que tinha era a de que não iria desistir de ti enquanto não te
tivesse por perto a tempo inteiro. Chegas-te mesmo a dizer-me que merecia outra
pessoa, pediste-me que desistisse de nós, que parasse de esperar por ti.. E é
isso mesmo que vou fazer. Ou talvez até não seja. Que sentido faz desistir de
algo por que já esperei durante tanto tempo? Eu estava a começar a gostar tanto
daquilo que tínhamos, e daquilo que não tínhamos mas que sabíamos que um
dia poderíamos vir a ter. Ao longo destes últimos tempos, dediquei-me
a ti. Dediquei-me a ti de corpo e alma, como há muito tempo não me dedicava a
ninguém. Pus de parte qualquer tipo de medos, e confiei a cem por cento naquilo
que sinto. Pus-me por completo nas "mãos" do meu coração. (..) No
fundo, tu sabes que é genuíno, que se não te adorasse já aqui não estava, já
tinha baixado os braços e seguido em frente. Que aquilo que sou em nada
corresponde à imagem que tens de mim neste momento. E a única coisa que eu
queria era que me aceitasses deste meu jeito.. Tenho quase a certeza em como irias
conseguir..
Sem comentários:
Enviar um comentário