domingo, 18 de novembro de 2012


Eles pouco ou nada sabiam sobre amor, mas gostavam um do outro. Não se amavam, e disso tinham a certeza. Mas gostavam de estar juntos, e isso era suficiente. Já não era de agora.. Há já algum tempo que andavam num impasse descomunal. Não sabiam o que haviam de fazer. Na verdade, nunca haviam feito a mínima ideia de como era suposto tratarem-se um ao outro. Nenhum deles era capaz de ver a sua relação como um simples passatempo. Mas também não eram namorados, e ainda muito longe estavam disso.. Discutiam dia sim dia não, e isso era quando falavam. Por vezes, passavam dias sem saber o que seria feito do outro. E queriam saber.. Oh se queriam! Mas qual dos dois o mais orgulhoso? Para eles, as coisas quase nunca eram simples, muito menos fáceis. Nunca estavam de acordo, e pouco tinham em comum. Mas gostavam de estar juntos, e de pensar que isso era suficiente.. Talvez nem sempre fosse. Se calhar, às vezes teria sido necessário algo mais. Uma só mensagem de boa noite que fosse teria feito a diferença. E de um pedido de desculpa naquele momento certo então, disso nem se fala.. Teria sido perfeito, e melhorado em muito a sua relação. Eles não sabiam tão pouco que nome dar ao que sentiam. Ela pensava que ele não lhe dava valor, e ele tinha medo que ela o magoasse.. Quando estavam juntos, a conversa pouco ou nada mudava. Falavam sempre sobre as mesmas coisas, e acabavam sempre por nunca chegar a conclusão alguma. Ele acabava sempre por a meio da conversa calá-la com um beijo. E ela, apesar de quase sempre contrariada, lá se perdia algures nele e optava por deixar a conversa para depois. Mas, afinal de contas, o que raio era aquilo que tanto os unia? Ela não fazia ideia, mas sorria de cada vez que se lembrava de que os beijinhos que ele antes lhe dava no nariz agora eram na testa e pensava que da mesma maneira que isso mudou aquilo que ele sentia por ela poderia também um dia vir a mudar. Ele quase nunca se preocupava em encontrar respostas para as perguntas que surgiam, e essa era uma das coisas que ela mais gostava nele. A sua despreocupação por vezes tão irritante, transmitia-lhe uma paz de alma de outro mundo. E era exatamente aquilo que ela ambicionava para o futuro. Sem tirar nem pôr. Por entre as mil e uma discussões que tinham, acabavam sempre por perceber que apesar de não se amarem queriam voltar a tentar. Prometiam sempre que seria a última oportunidade que dariam a si próprios. Nunca era. Se lhes perguntassem, nem eles mesmos saberiam qual o porquê de tantas tentativas (muitas das vezes) em vão. A ela, diziam-lhe que não valia a pena, que o "dado" estava viciado e que as coisas iriam voltar a acontecer tal e qual como antes, que se iria dar um replay autêntico dos últimos meses. A ele, ninguém dizia nada. Ele não queria que se soubesse e, por isso, ninguém sabia.. Era quase como se ela não fizesse parte da vida dele. Pelo menos, não para quem estava do lado de fora. Eles tinham maneiras diferentes de ver o mundo e encarar a realidade, de lidar com o seu passado, de demonstrar aquilo que sentiam um pelo outro.. Mas acreditavam que assim como o Yin e o Yang se completam, eles poderiam também um dia vir a completar-se um ao outro.

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