Mulheres como eu são determinadas, mas não são parvas. Cuidam
de quem gostam, correm atrás do que querem, pedem desculpa quando não têm
culpa, importam-se e preocupam-se. Mas quando desistem? Quando desistem é
para sempre. Imagina um copo vazio. De cada vez que nos sentimos sozinhas
ou a remar contra a maré, enchemo-lo um pouco. De cada vez que nos dão
falsas esperanças, nos fazem sentir mais felizes que nunca e, no minuto a
seguir, nos deitam abaixo, mais um bocadinho. E, parecendo que não, vocês -
vocês rapazes - fazem com que o tamanho do copo não importe. Seja grande ou
pequeno, arranjam sempre maneira de fazer com que a água transborde. Dão-nos
motivos suficientes para pôr de parte todo aquele tempo que ali estivemos, com
que vos digamos que não dá mais. Que estamos fartas, e
que a nossa paciência chegou ao fim. E se chegou mesmo (se porque já se sabe que nós - nós
mulheres - nem sempre dissemos aquilo que sentimos) então bem que podem
esquecer. Depois da água transbordar, não há como voltar atrás. A água até pode
mais tarde evaporar e ficar tudo tal e qual como estava, não adianta. Quando a
paciência se torna inexistente, nem as feridas cicatrizam de um momento para o
outro, nem nós nos damos ao trabalho de fingir que sim, como sempre havíamos
feito até então.
Sem comentários:
Enviar um comentário