sábado, 13 de abril de 2013

Lembro-me como se tivesse sido ontem da primeira vez que me desiludiram. Refiro-me, claro, à primeira vez que um rapaz me desiludiu, que senti que o mundo tinha deixado de fazer sentido só porque alguém me tinha virado as costas. Só porque alguém que nunca pensei que algum dia fosse ser capaz de o fazer me havia deixado para trás, e havia seguido em frente. Sozinho. Por sua conta e risco. Como se eu nunca tivesse sequer feito parte da sua vida. Na altura, eu não passava de uma criança. Ingénua como a maior parte das (quase) raparigas de 15 anos têm por hábito ser. Disse a mim mesma mil e uma vezes que nunca mais iria apaixonar-me por quem quer que fosse, que o meu coração estava fechado à chave e que nunca mais alguém iria conseguir ocupá-lo como ele havia conseguido. Entretanto, conheci um outro alguém. Esse alguém fez-me confiar em si com tudo o que tinha. Nunca me deu certezas da mais pequena coisa, mas eu sabia. Por algum motivo que ainda hoje não sei qual foi, eu sabia que podia dar-lhe o que tinha de mais precioso. Ou pensava saber. Entreguei-lhe o meu coração quase de bandeja, e só me faltou mesmo dizer-lhe faz com ele o que quiseres. Não lho disse, mas foi com certeza o que ele entendeu. Começou por cuidar dele, mas acabou a desfazê-lo em bocadinhos. Ele podia até tê-lo deixado como que um puzzle, mas não. Fez do meu coração pó. Deixou-o completamente desfeito. Os bocadinhos que em tempos ainda haviam dado para colar com carinho um por um hoje em dia andam perdidos algures por aí. E agora é aquela parte em que te conheço e me apercebo de que talvez, só talvez, tu sejas capaz de o fazer. De os colar, de voltar a juntá-los, de me dar alguma esperança, de me fazer crer que ainda nada está perdido. É aquela parte em que falo sobre ti, sobre uma das melhores pessoas que conheci até hoje, sobre uma das que mais bem alguma vez me fez. Eu adoro-te com tudo o que tenho. Mas agora, depois do que acabaste de ler, és capaz de (finalmente) perceber quão difícil é para mim voltar a confiar em quem quer que seja? Quão difícil é para mim fazer algo por ti porque de todas as vezes em que fiz algo por alguém fui eu quem saiu a perder? Por muito que queira, por muito que o meu coração me diga que sim, a minha cabeça há-de sempre dizer-me que não. E só eu sei aquilo por que já passei, a quantidade de noites em que não fechei tão pouco os olhos porque fui cabeça oca e não lhe dei ouvidos. Só eu sei o porquê de ter todas as certezas e mais algumas de que nunca mais hei-de fazer por alguém metade do que fiz por cada um deles. Se queres ser o meu number one, se não és capaz de perceber que nunca hei-de venerar-te ou whatever, se queres que confie em ti de olhos fechados, que te diga que te adoro a toda a hora ou que o demonstre, esquece. Não é que tu não o mereças, porque mereces. Mais do que qualquer outra pessoa no mundo. Mas há coisas que nos transcendem, que estão fora do nosso controlo. E isto está fora do meu, sabes? E eu, quanto a isso, pouco ou nada posso fazer. Cada um é como cada qual. Ou me aceitas como sou, fria até dizer chega e a fazer asneiras a torto e a direito, ou desistes de mim tal e qual como desistiu cada um deles. Só espero que te lembres sempre de que, por vezes, quem menos demonstra é quem mais sente.

Sem comentários:

Enviar um comentário