Estou confusa. Não sei o que aconteceu. O que foi que fiz de
errado. Dei-te o melhor de mim. Ou, pelo menos, foi isso que sempre tentei
dar-te. Talvez não tenha sido o suficiente. Querias mais? Porque não mo
pediste? Eu podia ter mudado, sabes? Por ti, eu tê-lo-ia feito sem pensar duas
vezes. E é tão estranho dizê-lo assim, desta forma, como se nada fosse. Ainda
para mais agora, depois de tudo o que me disseste e fizeste. Depois de ter
percebido que não o merecias. Aliás, que tu não me merecias. Ainda assim, aqui
estou eu a tentar perceber onde foi que errei. Tu interessaste-te por mim, e
fizeste com que também eu me interessasse por ti. Por esta mesma ordem. Foste
tu quem me quis primeiro. Nunca te cansaste de me tratar bem, e sempre tiveste
a maior das paciências para o meu feitio complicado. Não houve um único dia que
fosse em que me tivesses dito que "logo falamos amanhã" porque não
tinhas tempo para mim. Tu estavas ali como se sempre ali tivesses estado, e não
havia nada nem ninguém que me soubesse tão bem. Comecei a depender de ti para
ter um sorriso na cara. E nunca deveria ter deixado as coisas chegarem até esse
ponto. Talvez tenha sido esse o meu maior erro. Ou talvez até mesmo o único.
Ainda que não to dissesse, adorava-te. Adorava-te demasiado para alguém de quem
ainda conhecia tão pouco. De uma forma ou de outra, eu já te via como o meu
porto de abrigo, o meu porto seguro, algo que podia tomar como garantido.
Sentia que era mútuo, e que ainda que ninguém o dissesse tínhamos o que era
preciso para dar certo. Nunca antes me havia enganado tanto, não é? Era a única
que estava a pensar com o coração, a viver-nos a cem por cento.. Era a única
que se havia entregue a nós com tudo o que tinha. Porque foi que não o fizeste
como deste a entender que estavas a fazer? Não é suposto os beijos na testa
serem sinónimo de respeito? Porque me deste tantos se nunca me respeitaste?
Alás, respeito? O que é isso para ti? Se há coisa de que me orgulho é de nunca
te ter iludido, e de sempre ter posto as cartas todas em cima da mesa. Disse-te
desde logo que não era uma pessoa fácil de lidar. E o que foi que tu fizeste depois
de tantas dificuldades ultrapassadas? Desististe de mim. Tudo bem que nunca me
prometeste o que quer que fosse, nem nunca fizemos tão pouco quaisquer planos
para um futuro em conjunto, mas sei lá. Doeu. Claro que doeu. Durou pouco
tempo, mas foi tão intenso. Habituei-me a ter-te por perto, e aprendi inclusive
a fazer-te sorrir. Pensei que isso tivesse valido de algo. Isso, e os nossos
muitos mimos. Os mil e um abraços que tu me davas só porque sim, e as festinhas
que eu te fazia quase a toda a hora. Cada uma das vezes em que me pediste que
te olhasse nos olhos e cada uma das vezes em que me recusei a fazê-lo porque,
podia ainda não estar apaixonada por ti, mas já estava apaixonada pelos teus
olhos verdes. Sempre me disseram que as atitudes valem muito mais do que as
palavras, mas afinal.. Fizeste com que começasse a duvidar de cada uma das
muitas frases feitas que andam por aí. Estou perdida. Ponho tudo e mais alguma
coisa em causa. E isso não é de todo justo. E eu, posso
até ser pequena e tudo mais, mas se há coisa que não sou é uma qualquer boneca.
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